Em carta aberta divulgada no início da noite deste domingo nas redes sociais, assinada por quatro entidades representativas da Polícia Militar do Estado do Paraná, seus dirigentes lamentam a desconsideração e desrespeito por parte do governador Ratinho Junior com a ausência de militares estaduais na composição da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
A escolha do coronel do Exército, Rômulo Marinho, para a Secretaria de Segurança Pública do Estado, fez a Polícia Militar errar o passo na ordem do dia do dia seguinte. O ruído teria sido grande também na Polícia Civil. O desprestígio à PM foi marcado por uma foto da sede da PM no centro da cidade que circula nas redes sociais com os dizeres “aluga-se ou vende-se”, numa clara e evidente mostra de descontentamento com o Palácio Iguaçu.
As associações encerram a carta afirmando que, “no intuito de retomar com a máxima urgência o equilíbrio necessário nas designações/nomeações para os cargos de direção da SESP, várias reuniões serão realizadas nos próximos dias, especialmente com autoridades do Poder Executivo e Legislativo. Também nesse sentido, haverá vigilância permanente para que a segurança da população não seja prejudicada por eventuais descompassos de ordem orçamentária, financeira e administrativa, que dificultem ou inviabilizem a atividade dos Militares Estaduais”.
Quem também reagiu com indignação foi ex-delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Ricardo Noronha. Para ele, a escolha de um coronel do Exército para comandar a área de segurança pública do Paraná “é temorosa porque ele não tem o conhecimento da real situação da criminalidade em um Estado da dimensão do Paraná. É lamentável que o governador tenha agido dessa forma, mesmo sabendo que existem bons coronéis da PM e bons delegados da Polícia Civil com capacidade e experiência para assumir tão importante cargo”, disse.
A PM atende a mais de 70% das ocorrências em todo o Estado e é a única a estar presente nos 399 municípios. Muitas vezes, mesmo sem viaturas, equipamentos de segurança e até falta de alimentação, os policiais militares atendem perto de três mil ocorrências a cada 24 horas. Por isso, continua a nota, a Polícia Militar, que tem em seus quadros bons oficiais com capacidade e conhecimento para assumir a pasta, foram relegados a planos inferiores, disse um coronel do Polícia Militar ao Paraná.
Observamos, em artigo publicado na semana passada, que a área da segurança pública foi o carro-chefe da campanha do governador Ratinho Junior, por ser a que mais preocupa e tira o sono da sociedade. Qualquer pequeno furto, roubo, um homicídio não solucionado de imediato ou mesmo uma pequena onda de violência, em qualquer cidade, a culpa é da “falta de segurança pública” e quem é penalizado por isso é o próprio governador.
Portanto, pesa sobre os ombros do governador a escolha do nome para comandar a área de segurança pública. O próprio chefe do Executivo tem que trazer para si a responsabilidade desse comando sob pena de sofrer as consequências junto aos seus eleitores. Não pode errar.
É precipitado dizer, agora, que o governador Ratinho Junior errou ou acertou na escolha do militar do Exército para conduzir a área de segurança pública e isso só o tempo vai dizer. Mas o ruído foi grande no quartel caqui, enquanto ou verde oliva continua comandando o país.
CARTA ABERTA CONJUNTA
A Associação dos Oficiais Policiais e Bombeiros Militares do Estado do Paraná –ASSOFEPAR, em conjunto com a Associação da Vila Militar – AVM, a Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas – AMAI e a Sociedade Beneficente dos Subtenentes e Sargentos da PMPR – SBSS, por intermédio dos respectivos Presidentes, vêm a público se manifestar em relação às recentes nomeações para a Secretaria de Estado da Segurança Pública – SESP.
Externamos o desapontamento dos Militares Estaduais, em virtude da desconsideração e desrespeito para com a Polícia Militar do Paraná, verificados pela ausência de Militares Estaduais na atual composição da pasta.
Em que pese os Militares Estaduais: representarem mais de 70% do efetivo policial do Estado; serem os únicos profissionais de segurança pública presentes em todos os 399 (trezentos e noventa e nove) municípios desta Unidade Federativa, cumprindo as missões constitucionais de polícia
ostensiva e de preservação da ordem pública; serem os primeiros, quando não os únicos, garantidores dos Direitos Humanos dos cidadãos; serem responsáveis pela grande maioria dos resultados de segurança pública divulgados pelo Governo do Estado; serem os responsáveis pelo regular exercício dos poderes constituídos; serem os responsáveis pela grande maioria dos atendimentos de emergência da população, foram relegados a segundo plano, por ocasião da composição da SESP.
Necessário registrar que a efetividade das ações e operações desenvolvidas continuamente pelos Militares Estaduais em prol da população paranaense depende da perfeita interlocução destes profissionais com as instâncias de Governo. Sendo a Secretaria de Segurança a principal provedora
dos meios e recursos para o exercício das suas atribuições, imperioso que pelo menos alguns dos profissionais ocupantes das principais funções da SESP detenham conhecimentos específicos e experiências profissionais relacionadas com as atividades de polícia militar e de bombeiro militar.
No intuito de retomar com a máxima urgência o equilíbrio necessário nas designações/nomeações para os cargos de direção da SESP, várias reuniões serão realizadas nos próximos dias, especialmente com autoridades do Poder Executivo e Legislativo. Também nesse sentido, haverá vigilância permanente para que a segurança da população não seja prejudicada por eventuais descompassos de ordem orçamentária, financeira e administrativa, que dificultem ou inviabilizem a atividade dos Militares Estaduais.
Curitiba, PR, 02 de junho de 2019.
Coronel
Izaías de Farias
Presidente da ASSOFEPAR
Coronel
Washington Alves da Rosa
Presidente da AVM
Coronel
Altair Mariot
Presidente da AMAI
Sargento
Arlindo Lucinda
Presidente da SBSS